Poderá a televisão continuar a ser espaço central de consumo no novo ecossistema mediático?

21 November 2020

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A ubiquidade dos ecrãs no novo milénio trouxe consigo uma diversidade de formas de difusão e de consumo, com implicações alargadas na forma como as comunidades se estruturam em termos políticos, sociais e culturais. Perante um panorama cada vez mais fragmentado fará sentido perguntar qual o papel da televisão dentro deste novo ecossistema mediático.

A ideia de crise, com intensidades e expressões diversas, é uma marca permanente da existência dos média. A televisão não é, naturalmente, imune a estas dinâmicas e tem tentado, nas últimas décadas, acomodar-se a mudanças e posicionar-se em mercados e plataformas muito diversos, nomeadamente com um gradual abandono de lógicas de presença unidireccionais em favor de modelos que incorporam maior participação das audiências.

Os desafios são muitos e variados. Quando a programação televisiva passou a funcionar em diferido, iniciaram-se debates sobre o impacto dessa alteração na cultura de consumo, mas a verdade é que relatos antecipados sobre a obsolescência do meio e sobre a  diminuição da sua importância terão sido exagerados.  De acordo com a ONU, o número de casas com televisão não só aumentou, como se manteve ainda a centralidade deste objeto na organização social das famílias. Em 2020, com a situação pandémica a afectar o planeta, foi na TV que muitas dessas famílias encontraram a informação necessária e o conforto da programação preferida.

A multiplicação de ecrãs e a possibilidade do consumo em movimento não  induziram alterações radicais no consumo de programação televisiva. De facto, pelo contrário, a possibilidade de consumo ampliou-se quando passou a ser possível assistir televisão através do telemóvel, do tablet ou mesmo do portátil. Houve, em qualquer caso, adaptações significativas e co-optação de linguagens nascidas noutros espaços – como os memes e os gifs animados – para as estratégias de divulgação e de difusão de conteúdos originais da programação televisiva. Curiosamente e em simultâneo a preponderância de conteúdos televisivos em muitos destes segmentos (mesmo quando não tendo ligação directa a estratégias de promoção) é sinalizadora da centralidade cultural da produção televisiva na actualidade.

Neste contexto – ao mesmo tempo de desafio e de adaptação constante a territórios em movimento – vale a pena indagar: o que se pode esperar da televisão no futuro? Sendo impossível avançar certezas há, em todo o caso, alguns sinais a merecer relevo. Se, por um lado, o surgimento dos conteúdos de streaming tem lançado desafios à organização das tradicionais grelhas sequenciais para as televisões, por outro lado, movimentações recentes de alguns operadores streaming (como a Netflix) sugerem que a multiplicidade de escolhas pode ser factor adicional de ansiedade para alguns consumidores e que, como tal, fará sentido manter algum tipo de programação fixa. A curadoria de conteúdos, em nosso nome e para nós, pode não ser ainda completamente obsoleta.

No dia que a ONU reservou para celebrar a televisão, o Communitas pergunta: Poderá ainda a televisão manter a sua centralidade num novo ecossistema midiático? O debate online – reunindo Júlio Isidro, Felisbela Lopes e Daniel Catalão – tem lugar na página de Facebook do Communitas mas pode, como é normal nesta plataforma, prolongar-se aqui, de forma diferida, até ao dia 27 de novembro. Participe! Deixe o seu comentário!

Por um lado...

-As televisões são elementos de organização social e familiar.

-As televisões oferecem curadoria de conteúdos dentro da panóplia de opções que existem.

-As televisões servem ainda como propulsoras de debates e conversas.

Por outro...

-As televisões apresentam uma programação muito mais limitada.

-As televisões ainda vivem muito do conteúdo em direto, em tempos de consumo em diferido e streaming

-As televisões não permitem uma personalização baseado apenas nas preferências de cada utilizador como no mundo online.

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