Nem a morte nos reúne
14 Abril 2020
“O essencial da dinâmica social é intangível. Até numa situação de isolamento físico é possível cuidar das ligações e dos laços. As novas tecnologias permitiram-nos ganhar a aposta do intercâmbio à distância. Não é de menosprezar a ideia, entretanto vulgarizada, de um afrouxamento dos laços sociais.” Esta é uma das ideias defendidas por Albertino Gonçalves, investigador do CECS.
No artigo Nem a morte nos reúne, Albertino Gonçalves discorre sobre as consequências da pandemia e do confinamento obrigatório nas interações, relações pessoais e rituais sociais. “É tempo de stress”, diz. “Desconheço os efeitos deste convívio forçado prolongado. Tanto pode reforçar a coesão e a harmonia, como pode degenerar em conflito e descompensação”. Porém, há uma certeza: “Graças ao telemóvel ou à Internet, as pessoas comunicam tanto ou mais do que antes. “Juntas à distância”!”
Para o investigador, se a comunicação eletrónica transmite uma ideia de salvação, “a despedida dos mortos, sem exéquias, afasta-nos do purgatório”. As medidas de combate à pandemia vieram modificar o funeral, “o principal acontecimento ritual de uma comunidade”: despedidas curtas, velórios restritos, não há cerimónia, não há beijos nem abraços. “Os mortos passam para o outro mundo, trespassam, sem velório, sem missa e sem funeral. Palpita-me que os mortos não sentirão a falta. Mas para os vivos é fundamental. Há séculos que assim acontece. E se assim acontece há séculos, talvez haja motivo, e tenha bom efeito”, afirma.
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